O Buda disse:
Saiba que todas as coisas são assim:
Uma miragem, um castelo de nuvens,
Um sonho, uma aparição,
Sem essência mas com qualidades que podem ser vistas.Saiba que todas as coisas são assim:
Como a lua num céu brilhante
Em algum claro lago reflectida,
Ainda que para aquele lago a lua jamais se moveu.Saiba que todas as coisas são assim:
Como um eco que provém
Da música, sons e lamentos,
Embora nesse eco não haja melodia.Saiba que todas as coisas são assim:
Como um mágico que fabrica ilusões
De cavalos, bois, carroças e outras coisas,
Nada é como parece.A contemplação dessa qualidade da realidade em que ela é similar ao sonho não precisa de modo algum nos deixar indiferentes, desesperançados ou amargurados. Ao contrário, ela pode revelar em nós um humor cálido, uma suave e forte compaixão que mal sabíamos que existia em nós, e uma generosidade cada vez maior para com todos os seres e coisas.
O grande santo tibetano Milarepa disse: “Ao ver a vacuidade, ter compaixão”. Quando através da contemplação vemos de facto a vacuidade e a interdependência de todas as coisas e de nós mesmos, o mundo se revela numa luz mais brilhante, fresca e viva, como a rede de jóias com infinitos reflexos de que falava o Buda.
Então, já não temos que nos proteger, nem precisamos fingir, e aos poucos se torna fácil fazer o que nos diz o conselho de um mestre tibetano [Chagdud Tulku Rinpoche]:
Reconheça sempre que a qualidade da vida é como a de um sonho e reduza o apego e a aversão. Pratique a boa vontade com todos os seres. Seja amoroso e compassivo, não importa o que os outros façam. O que eles farão não tem tanta importância quando vê tudo como um sonho. A arte é manter a intenção positiva durante o sonho. Esse é o ponto essencial. Essa é a verdadeira espiritualidade.
Sogyal Rinpoche – “O Livro Tibetano do Viver e do Morrer”
maraviloso
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